sábado, 21 de agosto de 2010

Caiu a Ficha?

"A superstição é uma paixão negativa nascida da imaginação que,impotente para compreender as leis necessárias do universo,oscila entre o medo dos males e a esperança dos bens.
Dessa oscilação,a imaginação forja a idéia de uma natureza caprichosa,dentro da qual o homem é um joguete.Em seguida,essa concepção é projetada num ser supremo e todo-poderoso que existiria fora do mundo e o controlaria segundo seu capricho:Deus.
Nascida do medo e da esperança,a superstição faz surgir uma religião onde Deus é um ser colérico ao qual se deve prestar culto para que seja sempre benéfico.A superstição cria uma casta de homens que se dizem intérpretes da vontade de Deus,capazes de oficiar os cultos,profetizar eventos e invocar milagres.
A superstição engendra,portanto,o poder religioso que domina a massa popular ignorante.O poder religioso,por sua vez,forma um aparato militar e político para sua sustentação,de forma tal que a superstição
está na raiz de todo estado autoritário e despótico,onde os chefes se mantêm fortes alimentando o terror das massas,com o medo dos castigos e com suas esperanças de recompensa.
Toda filosofia que tentar explicar a natureza apoiada na idéia de um Deus transcendente,voluntarioso e onipotente,não será filosofia,será apenas uma forma refinada de superstição"


Espinosa-Tratado Teológico-Político(1670)

Um comentário:

  1. O raciocínio expresso é lógico e enquanto não houver o respeito e o entendimento por todos - aplicada aí a alterelidade -, de que somos seres individuais que têm o livre arbítrio para negar um Deus colérico; temível, mas sim compreensivo, bondoso e onipresente, continuaremos a ter nossas vidas regidas por uma forma refinada de superstição.

    Abraços e saudações admirantes....

    Paulo André

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