A Vez da Ex

 Porto Alegre tem um milhão e meio de habitantes,as ruas do centro,onde eu moro,
 são movimentadas,conturbadas até.
 Cada um pensa em si numa correria louca, ansiosas por voltarem aos seus lares no final do dia.
 Mesmo assim ,no meio da turba,ouvi aquela voz chamando:
-NAZARÉ!!!!!!!!!
 Gelei!
 Era ela!
 Reconheceria aquela voz no meio do "Beira-Rio" depois de um gol do meu time.
 Sorri,desconcertado,mas já era tarde para dar meia volta e ficou óbvio que ela queria esse encontro"casual".
 -Oi,há quanto tempo?(tentei ser educado,mas sempre pareço irônico nessas horas)Ela continuou:
 -Tu desapareceu né?(já desafiando,com a mão na cintura)
 -E tu vai bem?(Não ligo a mínima pro que ela faz)
 -Adolfo!!!!Vem cá,quero te apresentar o Nazzzzzzzzzzzzzzzzzz!(que nem uma víbora)
  Adolfo?(Ia ser constrangedor)
  Enquanto trocava o aperto de mão com o "Cara" levei um susto.
  O nosso relacionamento tinha acabado há, deixa eu ver,uns sete anos e ela já tava com outro?
 Sério,se ele sentasse ao meu lado em algum transporte coletivo eu ia achar que era assalto e ela tava transando com ele?
 Ele,por sua vez,enquanto me cumprimentava olhou direto pro meu pau,sei lá porque(obssessão masculina, talvez).
 Ela adorava a idéia de ver o circo pegar fogo e continuou:
 -Trabalhando?
 -Bem...(e ela cortou assim...)
 -Tu não nasceu pra trabalhar...O nazzzzzzzzzzzz é artista(olhando pro boi)
 -Já é pai?(ela não ia perguntar na frente dele se eu tinha outra né?)
 Puxei o ar pra responder e ela interrompeu...
 -Tu não nasceu pra ser Pai!
 Fiquei pensando pra que eu tinha nascido e,principalmente, o que eu estava fazendo ali!!!
 Nesse ponto o "Loki" teve que atender o celular e ela falou baixinho:
 -Me liga,vamos marcar alguma coisa...
 Imaginem o que seria!!!
 A despedida foi o auge:
 -Prazer,falou o"Juca"(até parece...)
 -Valeu,até mais(otário,pensava eu no íntimo)
 Ela já foi mais jovem,mais bonita,mais vibrante,menos neurótica e me adorava;ele podia ficar com a sobra...
 Quantas vezes eu peguei na mão dela e falei eu te amo!!!
 Até em lugares públicos!(ai)
 E ás vezes,eu lacrimejava!(Jesus...)
 A felicidade é subjetiva...